Esse é um fato até bastante conhecido hoje em dia: o cérebro é o órgão com maior consumo energético do corpo inteiro. Apesar de ser apenas 2% do nosso peso total, ele consome 20% do oxigênio e glicose do organismo. Quando se discute evolução humana, inclusive, muito se fala do “custo” do nosso cérebro: humanos precisam ingerir uma quantidade incrível de calorias para “pagar” por toda essa atividade intelectual.
Então por que será que nós achamos que pensar não cansa?
Imagine essa situação. Você passou o dia trabalhando em um escritório. Não saiu muito da sua cadeira, exceto para a pausa do almoço, que foi logo ali na cantina. Foi e voltou do trabalho de carro e pegou muito trânsito. E no fim da tarde, está morto de cansaço.
“Puxa,” você pode pensar, “não sei porque estou tão cansado, eu nem fiz nada hoje.”
Será? Mas você não estava exercitando o cérebro na frente do computador o dia inteiro?
O Que É Esgotamento Mental?
Como o nome sugere, esgotamento mental é nada mais que o cansaço mental. Mas se trata de mais do que o cansaço normal do fim do dia – ele é resultado de um período prolongado sem descanso mental. Talvez por conta do estresse, da preocupação, de atividade intelectual intensa que não para. Podemos nos forçar a ficar na cama com um resfriado, mas parar de pensar em tudo que devíamos estar fazendo? Aí é muito mais difícil.
Esse cansaço mental profundo pode ser causado por muitos fatores. Dentre eles, o trabalho é um dos grandes responsáveis. Especialmente aquelas profissões que exigem contato interpessoal constante, que são muito exigentes, pouco recompensadoras, cujo ambiente de trabalho é estressante… se você pensou em atendentes de telemarketing, acertou em cheio. É exatamente uma das profissões com maiores níveis de esgotamento mental. Outro exemplo são as profissões de saúde, que exigem um engajamento emocional intenso.
O esgotamento mental não se trata, porém, de uma doença em si mesma. E sim de um conjunto de sintomas derivados de um cérebro simplesmente sem energias. Essa falta de energia diz respeito aos hormônios e neurotransmissores necessários para o funcionamento adequado do cérebro — em períodos de esgotamento, os níveis dessas substâncias apresentam queda. Pode-se dizer que a mente ficou sem gasolina.
Quais São os Sintomas de Esgotamento Mental?
Apesar de ser esgotamento mental, até os sintomas iniciais podem aparecer no corpo inteiro. Afinal, a separação de mente e corpo é um pouco arbitrária: a mesma energia que te ajuda a resolver um problema de matemática é a energia que você usa para subir as escadas. E quando o cérebro está exausto, o organismo inteiro se desregula.
Os sintomas incluem:
- Problemas de memória, esquecimento, dificuldade de retenção;
- Perda de interesse – você não se anima mais por coisas que te interessavam, por passatempos, livros, filmes, e até mesmo atividade sexual;
- Alterações de humor – irritabilidade, falta de impaciência, ou acessos de choro e tristeza;
- Uma sensação de cansaço profundo, que não melhora com descanso físico. É aquele famoso, “Não sei porque eu estou cansado, não fiz nada hoje”;
- Problemas físicos – o mais comum e rápido de aparecer são problemas gastrointestinais de todo tipo. Isso porque as estranhas (ou seja, todo o aparelho digestivo) tem conexões íntimas diretamente ao cérebro. Muito comumente são o primeiro sinal de alerta que algo não está indo bem na nossa mente. Além disso, o sistema imunológico costuma ficar comprometido, aumentando as chances de infecções;
- Falta de motivação.
Dá para perceber que o esgotamento mental tem consequências tanto psicológicas quanto físicas. Muitos de seus sintomas, como a falta de interesse em atividades prazerosas, são similares aos da depressão. E ambos envolvem desequilíbrios na química do cérebro. Mas esgotamento e depressão são coisas diferentes, uma vez que esgotamento é resultado de um esforço mental exacerbado, e depressão tem causas múltiplas e mais complexas. Inclusive, um esgotamento mental que não é tratado pode se tornar uma depressão, ou uma síndrome de burnout.
Para combater o esgotamento mental, o mais importante é dar às nossas mentes tempo de relaxar. Relaxar de verdade – não ficar no sofá pensando no que precisa ser feito para amanhã. Técnicas como yoga e mindfulness ajudam sua mente a “se desligar” de verdade. Lembre-se: seu cérebro trabalha intensamente, e precisa de descanso tanto quanto o corpo.